BUSCA PELA CATEGORIA "Saúde" 376p2c

Usuários de Ozempic relatam aumento no órgão genital e mudança vira tema de discussão em redes sociais 321k5t

  • Bahia Notícias
  • 09 Jun 2025
  • 14:27h

Foto: Reprodução/Bahia Notícias 6t2a72

Homens que utilizam Ozempic nos Estados Unidos têm relatado um efeito colateral inesperado: o aumento do pênis. Segundo postagens em redes sociais, como o Reddit, diversos usuários afirmam ter notado um crescimento no comprimento do órgão genital desde o início do tratamento com o medicamento indicado originalmente para diabetes tipo 2, mas amplamente utilizado para perda de peso.

 

"Recentemente me medi e percebi um aumento de cerca de 2,5 cm", escreveu um usuário anônimo. “Na época da primeira medição, eu era mais magro, então não acho que o ganho esteja relacionado apenas à perda de gordura. Fiz a medição da mesma forma nas duas vezes”, afirmou.

 

Outro participante da conversa relatou um ganho ainda maior. “Ganhei 3,8 cm. Não é exagero. Eu sabia exatamente quanto tinha antes de engordar. Não acho que seja só por emagrecer”, opinou.

 

Embora alguns associem o suposto aumento apenas à perda de gordura abdominal, o que poderia deixar o pênis mais exposto visualmente, outros usuários insistem que fizeram as comparações em condições semelhantes, descartando essa possibilidade.

 

Especialistas, no entanto, apontam que não há evidências científicas de que Ozempic cause aumento peniano. Médicos explicam que o tamanho do pênis pode variar naturalmente devido a fatores como temperatura ambiente, fluxo sanguíneo, níveis hormonais e até mesmo o horário do dia. Ou seja, alterações percebidas podem ser circunstanciais.

 

O fenômeno, apelidado nas redes sociais como “pênis de Ozempic”, se junta a outras expressões populares relacionadas aos efeitos colaterais do medicamento. Um deles é a chamada “boca de Ozempic”, que descreve sinais de envelhecimento facial como flacidez, rugas ao redor dos lábios e mudanças no contorno do rosto, associados à rápida perda de peso. As informações são do Globo.

Pílula anticoncepcional masculino sem hormônios começa a ser testada; entenda 6s6v5e

  • Bahia Notícias
  • 23 Abr 2025
  • 12:20h

Foto: Unsplash / Reprodução

Uma pílula anticoncepcional masculina sem hormônio entrou em testes clínicos pela primeira vez. Os resultados iniciais indicaram que o YCT-529 limitou de forma eficiente a produção de espermatozoides em camundongos e primatas não humanos. O produto registrou ainda poucos efeitos colaterais.

Segundo O GLOBO, em camundongos machos, o anticoncepcional age até um mês após o início do uso. O item reduz e impede as gestações nas parceiras fêmeas em quase 100%. De acordo com a reportagem, os macacos machos precisaram de uma dosagem maior do produto, mas provocaram também uma queda rápida na contagem de espermatozoides sem apresentar efeitos colaterais. 

No entanto, de forma similar aos anticoncepcionais hormonais femininos, os produtos indicados aos homens também podem causar efeitos indesejados, como ganho de peso, depressão ou aumento do colesterol “ruim”, conforme apresentou o teste.

Anvisa aprova primeira vacina para Chikungunya 6d4661

  • Bahia Notícias
  • 15 Abr 2025
  • 18:30h

Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

Anvisa aprovou, nesta segunda-feira (14), o registro da vacina IXCHIQ (vacina Chikungunya recombinante atenuada), do Instituto Butantan. A vacina, de dose única, será indicada para a prevenção da doença em pessoas com 18 anos ou mais, que estejam em risco aumentado de exposição ao vírus Chikungunya. O imunizante demonstrou induzir produção robusta de anticorpos neutralizantes contra o vírus Chikungunya em estudos clínicos realizados em adultos e adolescentes que receberam uma dose da vacina.

 A vacina é contraindicada para mulheres grávidas, pessoas imunodeficientes ou imunossuprimidas. Para a publicação do registro, a Anvisa definiu, em conjunto com o Instituto Butantan, um Termo de Compromisso que prevê a realização de estudos de efetividade e segurança da vacina, e de atividades de farmacovigilância ativa para ampliar o conhecimento sobre o perfil de eficácia e segurança da vacina.

O imunizante é uma vacina recombinante atenuada, desenvolvida pela farmacêutica austríaca Valneva. A fabricação será feita na Alemanha, pela empresa IDT Biologika GmbH. O Butantan prevê a fabricação no Brasil no futuro.

A vacina já havia sido aprovada por outras autoridades internacionais, como FDA, dos Estados Unidos e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), para a prevenção de Chikungunya.

A Chikungunya é uma arbovirose transmitida pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue. O vírus chikungunya foi introduzido no continente americano em 2013 e ocasionou uma importante epidemia em diversos países da América Central e ilhas do Caribe. No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos laboratoriais, a presença da doença nos estados do Amapá e Bahia. Atualmente, todos os Estados registram transmissão desse arbovírus.

AVALIAÇÃO
Para esta análise, a equipe da Anvisa avaliou a documentação submetida no dossiê de registo, que incluiu dados de produção e qualidade, e de estudos clínicos para demonstração de eficácia e segurança da vacina. Os estudos clínicos para avaliação da eficácia e segurança da vacina incluíram a avaliação de adultos nos EUA e de adolescentes no Brasil. Nestes estudos foi demonstrado que a vacina, istrada em dose única, induziu resposta robusta de anticorpos neutralizantes contra o vírus Chikungunya e que o perfil de segurança foi aceitável para a indicação aprovada.

Além disto, a Anvisa participou como convidada da avaliação da vacina IXCHIQ pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), no âmbito do projeto OPEN (Opening our Procedures at EMA to Non-EU authorities). Esse projeto permite que diferentes agências avaliem simultaneamente vacinas e medicamentos de interesse em saúde pública, trocando informações técnicas e científicas, mas mantendo a autonomia de cada autoridade reguladora.

A Anvisa também contou com a avaliação independente do Grupo de Trabalho para discussão do desenvolvimento não clínico e clínico de vacinas destinadas à proteção contra Arboviroses, instituído no âmbito da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), composta por especialistas em arboviroses e desenvolvimento de vacinas. As informações são da Agência GOV. 

Brasil vê salto em uso de opioides em uma década e consumo chega a 8% da população, diz pesquisa 286417

  • Por Raquel Lopes | Folhapress
  • 27 Mar 2025
  • 12:24h

Foto: OMS

O consumo de analgésicos opioides registrou um aumento expressivo na última década, conforme aponta uma pesquisa inédita do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo os dados levantados, a taxa na população geral saltou de 0,8% em 2012 para 7,6% em 2023.

O estudo faz parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, uma pesquisa domiciliar conduzida pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com financiamento da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos).

O objetivo é mapear padrões de consumo e comportamentos associados ao uso de substâncias no Brasil. A pesquisa abrange indivíduos com 14 anos ou mais, selecionados em diferentes cidades do país.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (26) durante o lançamento do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas, no Ministério da Justiça. O levantamento inclui substâncias como morfina, tramadol, Tylex, dolantina, entre outras.

Os opioides são compostos que interagem com receptores do sistema nervoso para aliviar a dor e são amplamente utilizados no pós-operatório para amenizar desconfortos intensos. No entanto, seu uso inadequado pode levar à dependência, tornando-se um problema de saúde pública.

No Brasil, essas substâncias já circulam no mercado ilegal, chegando a usuários sem prescrição médica e fora do ambiente hospitalar, o que amplia os riscos associados ao consumo descontrolado.

Segundo a pesquisa, entre as mulheres, o crescimento foi ainda mais expressivo, saltando de 1% para 8,8% de 2012 a 2023.

Para Marta Machado, secretária Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, os dados evidenciam a necessidade de maior atenção ao tema.

"Esses estudos significam um alerta para todos nós —para a sociedade, para os gestores da política de drogas e para a comunidade da saúde. Sabemos que o consumo abusivo de opioides no hemisfério norte, especialmente nos EUA, levou recentemente a uma epidemia de overdoses, que é justamente o que temos o dever de evitar que aconteça no Brasil", disse.

"É claro que vivemos hoje uma situação muito distinta, em que o mercado ilícito de opioides é reduzido e pontual, mas é fundamental aumentar nossa capacidade de antever, detectar e monitorar riscos e ampliar a nossa capacidade de responder rapidamente a esses riscos. Essa vem sendo uma prioridade da Senad", acrescentou.

A pesquisa mostra ainda que o uso de benzodiazepínicos é significativamente mais comum entre as mulheres. Quase uma em cada cinco já fez uso desses medicamentos ao longo da vida, e, no último ano, 12,7% delas recorreram a essas substâncias, em comparação com 7,6% dos homens.

Amplamente prescritos para tratar ansiedade e insônia, os benzodiazepínicos apresentam riscos quando utilizados sem acompanhamento médico, incluindo dependência e efeitos adversos no longo prazo.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.

Cremeb se posiciona contra resolução do Conselho de Farmácia que autoriza farmacêuticos a prescrever medicamentos 2e6042

  • Bahia Notícias
  • 24 Mar 2025
  • 16:00h

Foto: Elza Fiúza / EBC

O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) manifestou-se contrariamente à resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF), publicada na segunda-feira (17), que autoriza farmacêuticos a prescrever medicamentos, incluindo os que exigem receita médica. O posicionamento do Cremeb alinha-se à nota emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que defende que a prescrição de medicamentos é uma competência exclusiva dos médicos.

Os conselhos argumentam que a medida coloca a saúde da população em risco, ao permitir que profissionais sem formação clínica adequada realizem atos considerados privativos da medicina. Além disso, questionam a legalidade da resolução, lembrando que uma decisão semelhante foi derrubada pela Justiça em 2024.

Conforme publicação do blog Marcos Frahm, parceiro do Bahia Notícias, a controvérsia gira em torno da atribuição de responsabilidades no cuidado à saúde. Médicos defendem que a prescrição de medicamentos envolve diagnóstico e definição de tratamentos, competências que, segundo eles, são exclusivas da profissão médica.

A resolução do CFF entrará em vigor a partir de abril de 2025 e estabelece que apenas farmacêuticos com o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica poderão realizar prescrições abrangentes. 

Profissionais sem o RQE estarão limitados a prescrever medicamentos isentos de prescrição ou a atuar dentro de protocolos específicos.

Cientistas chineses descobrem novo coronavírus em morcegos com potencial de transmissão para humanos wrq

  • Bahia Notícias
  • 22 Fev 2025
  • 15:15h

Foto: ANSA/EPA

Pesquisadores chineses identificaram uma nova linhagem do coronavírus HKU5 em morcegos, com potencial para ser transmitida a humanos, por utilizar o mesmo receptor celular do vírus causador da Covid-19.  

O vírus pertence ao subgênero merbecovírus, que inclui o patógeno responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Segundo os cientistas, ele demonstrou capacidade de se ligar à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) humana, mecanismo usado pelo Sars-CoV-2 para infectar células.  

“Relatamos a descoberta e isolamento de uma nova linhagem (linhagem 2) do HKU5-CoV, que pode utilizar não apenas a proteína ACE2 de morcegos, mas também a de humanos e outros mamíferos", explicaram os autores do estudo, publicado na última terça-feira (18) na revista Cell.  

Apesar da descoberta, os pesquisadores ressaltam que a capacidade de infecção desse novo vírus é significativamente menor do que a do Sars-CoV-2, e que o risco de transmissão para populações humanas não deve ser superestimado. No entanto, recomendam o monitoramento contínuo para prevenir possíveis surtos.  

O estudo foi conduzido por cientistas da Academia de Ciências de Guangzhou, Universidade de Wuhan e Instituto de Virologia de Wuhan em um laboratório na cidade de Guangzhou, província de Guangdong, no sul da China.  

Cerca de 40 pessoas são diagnosticadas com câncer no mundo a cada minuto, diz OMS 2x4410

  • Bahia Notícias
  • 06 Fev 2025
  • 14:29h

Foto: Reprodução/ TV Brasil

A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou, nesta terça-feira (4), que a cada minuto, cerca de 40 pessoas são diagnosticadas com câncer em todo o mundo. O alerta foi feito durante o Dia Mundial da doença, data que serve para alertar acerca da enfermidade. 

“Elas não conseguem ser bem sucedidas sozinhas. Em todo mundo, a OMS trabalha com parceiros para criar coalisões globais, catalisar ações locais e amplificar as vozes de pessoas afetadas pelo câncer”, disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O porta-voz afirmou ainda que a organização atua em diferentes áreas, desde o para a eliminação do câncer cervical. 

“Estamos trabalhando para melhorar a vida de milhões de pessoas. No Dia Mundial do Câncer, honramos a coragem daqueles afetados pela doença, celebramos o progresso científico e reafirmamos nosso compromisso de promover saúde para todos”, completou o diretor-geral, via Agência Brasil. 

As recomendações efetuadas pela entidade para a redução da doença no mundo estão não fumar; praticar atividade física regularmente; comer frutas e verduras; manter um peso corporal saudável; limitar o consumo de álcool.

Pesquisa avança no diagnóstico de Alzheimer pela saliva 5i4x3q

  • Por Danielle Castro | Folhapress
  • 27 Jan 2025
  • 11:22h

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um estudo multinacional interdisciplinar acaba de estabelecer protocolos para a coleta de saliva com finalidade de identificação de biomarcadores da doença de Alzheimer. A expectativa dos pesquisadores é dar base para o avanço do diagnóstico por saliva, método não invasivo e que pode detectar o problema antes dos primeiros sintomas.

Hoje, os testes existentes de secreções corporais só identificam as placas amiloides que provocam o problema depois que estas estão instaladas no cérebro ou o risco genético de algumas pessoas. A maior parte dos diagnósticos ainda é clínico, quando o paciente relata ao médico esquecimento e confusão.

O artigo com os resultados foi publicado no mês ado na Alzheimer's & Dementia, revista da Alzheimer’s Association. Único pesquisador da América Latina integrante da pesquisa, o farmacêutico brasileiro Gustavo Alves destaca que o estudo constitui uma etapa "pré-analítica", ou seja, que determina como tratar a saliva para os testes.

"O grupo investiga a saliva como fluido diagnóstico e produzimos uma diretriz, indicando o preparo que precisa ter antes de ser analisada. É um grande o", diz Alves. Em paralelo, os autores conduzem investigações próprias para chegar a um diagnóstico de alta precisão para demências.

O farmacêutico lembra que o teste publicado pelo grupo ainda está em fase de validação e, portanto, "ainda não está sendo comercializado nem tampouco pode ser usado como diagnóstico".

O avanço, porém, é fundamental para massificar o exame e tornar precoce a descoberta do problema. "Na saliva existem biomarcadores, isto é, substâncias que podem estar associadas ao diagnóstico da doença de Alzheimer. O impacto é muito grande, principalmente porque a saliva é de fácil coleta, não provoca dor nem risco de infecção, além de ter baixo custo", diz o pesquisador.

O artigo reforça que a necessidade de biomarcadores íveis com alta precisão é "urgente", tanto para o Alzheimer quanto para outras demências.

A proposta, diz o texto, não é substituir outros exames, mas "facilitar a triagem generalizada, particularmente em grupos carentes".

"Um teste destes, validado, poderia ser usado como triagem em atendimento primário, proporcionando agilidade no diagnóstico", ressalta Alves.

Os autores indicam ainda que a "saliva constitui uma amostra altamente viável para diagnóstico de alzheimer e monitoramento longitudinal" devido à sua "invasividade mínima" e "simplicidade de coleta", fora de grandes centros de pesquisa.

O modelo não deve se tornar universal devido a características de cada região, mas permite a identificação, por exemplo, de biomarcadores como Aβ, tau, isoformas de pTau, NfL, GFAP e lactoferrina, ampliando o potencial de usos futuros em diagnóstico de demências.

"O protocolo de padronização proposto é o primeiro o. Além disso, a disponibilidade de ensaios e tecnologias validados para coletar, estabilizar e quantificar proteínas em amostras de saliva será crucial", apontam os autores.

Lucas Mella, psiquiatra especialista em neuropsiquiatria geriátrica e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) de São Paulo, reforça que os testes de saliva ainda são "uma promessa", sem comprovação de que podem fazer mesmo o diagnóstico, mas podem mudar o cenário do tratamento se confirmados e bem estruturados.

"Esse teste pode ser usado de forma massificada na atenção primária por clínicos gerais ou médicos generalistas de forma a triar as pessoas que têm resultados alterados e encaminhá-las para avaliação", diz Mella.

Coordenador do Serviço de Psiquiatria Geriátrica e Neuropsiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mella lembra que o diagnóstico precoce da demência é limitado hoje aos centros de especialidade.

"São testes menos íveis, por exemplo, de análise do líquido cérebro-espinhal ou de neuroimagem por tomografia de emissão de pósitrons, que são também de alto custo", analisa.

Os novos testes com análise de sangue, por sua vez, são um avanço por serem menos difíceis que a coleta de líquido da medula óssea, mas ainda são caros.

"A análise de saliva, sendo pouco invasiva e com baixo custo, traria um avanço em termos de diagnóstico precoce e o início do tratamento num momento mais oportuno, que é quando a doença ainda não está avançada", afirma Mella.

Pesquisa no Brasil

Gustavo Alves, que é pesquisador assistente na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic de Araras, tem investigado o uso da saliva no diagnóstico de Alzheimer desde 2013.

"Durante esse período, analisamos a saliva de vários perfis de idade, com e sem a doença. Conseguimos já verificar que há diferenças nas proteínas que pesquisamos em quem tem e em quem não tem a doença. Agora precisamos definir nosso método e, a partir deste primeiro semestre, comprovar a viabilidade e apurar a técnica ideal", avalia o docente.

Os testes de detecção pela saliva foram feitos em um grupo selecionado de participantes com e sem a doença. O diagnóstico provável dos escolhidos era determinado por uma bateria de exames que inclui os de hematologia, bioquímica e sorologia, até imagem por ressonância e testes neuropsicológicos.

"Nos meus estudos com os biomarcadores salivares, seleciono pacientes com a doença baseados nesses critérios e com diagnóstico definido por uma equipe médica. Os pacientes sem Alzheimer não apresentam sintomas, são mais jovens", explica Alves. O professor diz que a ideia é ter a tecnologia pronta para coleta de saliva para diagnóstico de Alzheimer "dentro de um a dois anos".

"Quando comecei a trabalhar com saliva como diagnóstico, em meu doutorado, recebi muitas críticas. Não se acreditava em saliva como fluido para diagnóstico, mas logo vieram evidências que nos mostraram que havia um caminho ali, que seria possível buscar moléculas na saliva associadas ao Alzheimer", conta.

Atualmente, destaca Alves, a saliva é usada para diagnosticar HIV, hepatite, câncer de mama e Covid, e será de grande ajuda no Alzheimer, que prevalece em 65% dos casos de demência.

"É uma doença que começa até 20, 25 anos antes dos primeiros sinais e sintomas. Nosso projeto, nosso diagnóstico, tem como objetivo conseguir identificar essas alterações de biomarcadores antes que as placas comecem a se acumular no cérebro", diz.

SUS não entrega ao menos 76 medicamentos e procedimentos incorporados à rede pública desde 2018 1534q

  • Por Raquel Lopes | Folhapress
  • 21 Jan 2025
  • 11:11h

Foto: Marcello Casal Jr. / EBC

A insulina análoga de ação prolongada, indicada para o tratamento da diabetes tipo 1, foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) em 2019. Pela legislação, o medicamento deveria estar disponível em 180 dias, mas, após mais de 2.000 dias, pacientes ainda não têm o a ele na rede pública.

Segundo um levantamento da Folha de S.Paulo, esse não é um caso isolado. Pacientes enfrentam uma saga para ter o a medicamentos e procedimentos no SUS. Atualmente, o Ministério da Saúde não oferta ao menos 76 itens incorporados ao sistema, dos quais 64 já extrapolaram o prazo de 180 dias.

O problema, que atravessa gestões da pasta, continua vigente sob a liderança da ministra Nísia Trindade. A lista abrange medicamentos contra câncer, diabetes, hepatites, doenças ginecológicas, além de exames, testes e implantes.

Gestores de saúde e especialistas alertam que essa situação compromete a qualidade dos serviços oferecidos pelo SUS e intensifica a judicialização —um problema que o Ministério da Saúde busca conter pelo impacto no orçamento. A falta de o a tecnologias essenciais, no entanto, pode gerar consequências mais graves, como a morte de pacientes.

A reportagem identificou 242 medicamentos e procedimentos incorporados ao SUS entre 2018 e 2024, sendo 31,4% (76) ainda não ofertados pela rede pública.

Esses 76 itens acumulam uma média de 648 dias sem serem disponibilizados pelo SUS, mais de três vezes o prazo previsto em lei (180 dias).

Os principais motivos para essa demora incluem a falta de de contrato com a farmacêutica, a necessidade de atualização ou criação de protocolos de uso das tecnologias e a pendência de aprovação na CIT (Comissão Intergestores Tripartite), composta por representantes da União, estados e municípios —uma etapa essencial no processo de incorporação ao SUS.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a maioria dos 242 medicamentos e procedimentos incorporados já está disponível à população, enquanto os demais estão em fase de aquisição ou elaboração do protocolos de uso.

A pasta acrescentou que tem compromisso com a ampliação da oferta, citando um aumento de 63,4% no orçamento da assistência farmacêutica do SUS desde 2022, que ou de R$ 13,4 bilhões naquele ano para R$ 21,9 bilhões em 2024.

O ministério nega informações completas sobre as incorporações, inclusive via LAI (Lei de o à Informação). A Folha realizou uma extensa pesquisa para chegar à listagem (leia abaixo como foi feita a pesquisa).

CUSTO

Relatórios elaborados pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) indicam que o impacto no orçamento anual para a incorporação de cada nova tecnologia varia, oscilando entre R$ 5,9 milhões e R$ 347 milhões.

Este último valor corresponde ao Zolgensma, considerado um dos medicamentos mais caros do mundo, indicado para pacientes com AME (atrofia muscular espinhal). Embora tenha sido incorporado ao SUS em 2022, ainda não está disponível para a população.

Vanessa Pirolo, presidente do Vozes do Advocacy —organização que reúne 27 entidades dedicadas às causas do diabetes e da obesidade—, afirma que o Ministério da Saúde justifica a ausência de insulina para diabetes tipo I por falta de recursos.

No entanto, ela diz que estudos apresentados à pasta mostram que os custos associados a internações e complicações do diabetes superam o investimento no medicamento. Em setembro do ano ado, a Justiça Federal determinou um prazo de 90 dias para que a pasta resolva a situação.

Diagnosticada com diabetes aos 19 anos, Vanessa precisou recorrer à Justiça para assegurar o o ao tratamento gratuitamente.

A disponibilização de um medicamento no SUS exige aprovação pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), publicação de portaria pelo Ministério da Saúde e aprovação na CIT (Comissão Intergestora Tripartite). Após a publicação, a legislação prevê prazo de 180 dias para o medicamento estar disponível, prorrogável por mais 90 dias, se justificável.
 

TECNOLOGIAS NÃO DISPONIBILIZADAS
 

Ano - Tecnologia e público-alvo* - Situação
 

2018 - Estimulação elétrica do nervo vago na terapia adjuvante ao tratamento farmacológico em crianças e adultos com epilepsia focal ou generalizada refratária a pelo menos dois esquemas com medicamentos anticonvulsivantes para epilepsia - Em processo istrativo

2018 - Estimulação elétrica do nervo vago na terapia adjuvante de pacientes pediátricos com epilepsia resistente a medicamentos, sem indicação para cirurgia ressectiva de epilepsia - Em processo istrativo

 

2018 - Fórmulas nutricionais para crianças com alergia à proteína do leite de vaca - Em processo istrativo
 

 

2019 - Abiraterona para câncer de próstata metastático resistente à castração em pacientes com uso prévio de quimioterapia - Em processo istrativo
 

2019 - Cateter hidrofílico para cateterismo vesical intermitente em indivíduos com lesão medular e bexiga neurogênica - Em processo istrativo
 

2019 - Fórmula metabólica isenta de metionina para homocistinúria clássica - Em processo istrativo
 

2019 - Insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I - Contrato em via de
 

2020 - Combinação de um β2-agonista de longa duração (laba) e um anticolinérgico de longa duração (lama) - Em processo istrativo
 

2021 - Implante subde?rmico de etonogestrel na prevenc?a?o da gravidez na?o planejada por mulheres adultas em idade reprodutiva entre 18 e 49 anos - Em processo istrativo
 

2021 - Implante de drenagem oftalmológico no tratamento do glaucoma primário de ângulo aberto leve a moderado - Em processo istrativo
 

2021 - Sonda botton para gastrostomia em crianças e adolescentes - Em processo istrativo
 

2021 - Abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com hr+ e her2- - Em processo istrativo

2022 - Teste citogenético por hibridização in situ por fluorescência (fish) para detecção de alterações citogenéticas de alto risco em pacientes com mieloma múltiplo - Em processo istrativo
 

2022 - Teste de elastase pancreática fecal para pacientes com dúvida diagnóstica de insuficiência pancreática exócrina em pacientes com fibrose cística - Em processo istrativo

2022 - Dispositivo individual de pressão expiratória positiva do tipo máscara (pep)/pressão expiratória nas vias aéreas (epap) para o tratamento da fibrose cística - Em processo istrativo
 

2022 - Procedimento ventilação mecânica não invasiva domiciliar para o tratamento de pacientes com fibrose cística associada a insuficiência respiratória avançada - Em processo istrativo
 

2022 - Teste de provocação oral (tpo) para o diagnóstico e monitoramento de pacientes até 24 meses com alergia à proteína do leite de vaca (aplv) - Em processo istrativo
 

2022 - Trastuzumabe entansina no tratamento adjuvante do câncer de mama her2-positivo operado em estádio iii com doença residual na peça cirúrgica após tratamento neoadjuvante - Em processo istrativo
 

2022 - Estimulação cerebral profunda para o tratamento da distonia primária generalizada e distonia cervical - Em processo istrativo
 

2022 - Cloreto no suor para pacientes com fibrose cística a partir de seis anos - Em processo istrativo
 

2022 - Crizotinibe para o tratamento, em primeira linha, de pacientes adultos com câncer de pulmão não pequenas células (npc) avançado alk+ - Em processo istrativo
 

2022 - Triagem neonatal por espectrometria de massas em tandem (ms/ms) para detecção da deficiência de acil-coa desidrogenase de cadeia média (mcadd) - Em processo istrativo
 

2022 - Colistimetato sódico para pacientes com manifestações pulmonares de fibrose cística com infecção por pseudomonas aeruginosa - Em processo de aquisição
 

2022 - Alfacerliponase para tratamento da lipofuscinose ceroide neuronal tipo 2 (cln2) - Em processo de aquisição
 

2022 - Zolgensma para o tratamento de pacientes pediátricos até 6 meses de idade com atrofia muscular espinhal (AME) do tipo I que estejam fora de ventilação invasiva acima de 16 horas por dia - Em processo de aquisição
 

2022 - Sofosbuvir+velpatasvir+voxilaprevir para o retratamento da hepatite c crônica em pacientes com ou sem cirrose compensada - Em processo de aquisição
 

2023 - Beta-agalsidase para o tratamento da doença de fabry clássica - PCDT em fase de publicação
 

2023 - Acetato de icatibanto para o tratamento de crises de angioedema hereditário tipos I e II - Em processo istrativo
 

2023 - Inibidor de C1 esterase derivado do plasma humano para tratamento de crises de angioedema hereditário tipos I e II - Em processo istrativo
 

2023 - Tomografia computadorizada por emissão de pósitrons para pacientes com câncer de pulmão de células pequenas - Em processo istrativo
 

2023 - Carfilzomibe para tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que receberam uma terapia prévia - Em processo istrativo
 

2023 - Cladribina oral para tratamento de pacientes com esclerose múltipla remitente-recorrente altamente ativa - Contrato assinado
 

2023 - Emicizumabe para tratamento profilático de pacientes com hemofilia A - Em processo istrativo
 

2023 - Implante biodegradável de dexametasona para o tratamento do edema macular diabético em maiores de 18 anos - Em processo istrativo
 

2023 - Terapia fotodinâmica para tratamento de câncer de pele não melanoma do tipo carcinoma basocelular superficial e nodular - Em processo istrativo
 

2023 - Rituximabe para terapia de indução de remissão dos pacientes com diagnóstico recente em idade fértil e para os casos de recidiva de vasculites associadas aos anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos (vaa) - PCDT em fase de atualização
 

2023 - Rituximabe associado à quimioterapia com fludarabina e ciclofosfamida para o tratamento de primeira linha da leucemia linfocítica crônica - PCDT em fase de atualização
 

2023 - Alfagalsidase para o tratamento da doença de fabry clássica em pacientes a partir dos sete anos de idade - Contrato assinado
 

2023 - Carboximaltose férrica para o tratamento de pacientes adultos com anemia por deficiência de ferro e intolerância ou contraindicação aos sais orais de ferro - Em processo istrativo
 

2023 - Monitorização residencial da pressão arterial para diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica em adultos com suspeita da doença, conforme protocolo clínico do ministério da saúde - Em processo istrativo
 

2023 - Triagem neonatal por espectrometria de massas em tandem (ms/ms) para a detecção da homocistinúria clássica (hcu) - Em processo istrativo
 

2023 - Teste de anti-gliadina deaminada igg para crianças com até 2 anos de idade e com suspeita de doença celíaca Em processo istrativo
 

2024 - Teste PCR multiplex para detecção de múltiplos agentes bacterianos, virais e fúngicos, causadores de meningites e encefalites - Em processo istrativo
 

2024 - Dispositivo de Assistência Ventricular Esquerda (DAVE), de fluxo contínuo e centrífugo, para pacientes com insuficiência cardíaca avançada do ventrículo esquerdo, inelegíveis ao transplante de coração (terapia de destino) - Em processo istrativo
 

2024 - Insulinas análogas de ação prolongada para tratamento do diabetes mellitus tipo 2 Em processo istrativo
 

2024 - Derisomaltose férrica para tratamento de pacientes adultos com anemia por deficiência de ferro, independentemente da causa, após falha terapêutica, intolerância ou contraindicação aos sais de ferro oral - Em processo istrativo
 

2024 - Dipropionato de beclometasona + fumarato de formoterol di-hidratado + brometo de glicopirrônio para tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica grave e muito grave com perfil exacerbador - Em processo istrativo
 

2024 - Olaparibe para o tratamento de manutenção de pacientes adultas com carcinoma de ovário (incluindo trompa de falópio ou peritoneal primário), seroso ou endometrioide, recentemente diagnosticado, de alto grau (grau 2 ou maior), avançado (estágio figo III ou IV), com mutação nos genes brca 1/2, que respondem (resposta completa ou parcial) à quimioterapia em primeira linha, baseada em platina - Em processo istrativo
 

2024 - Furoato de fluticasona/brometo de umeclidínio/trifenatato de vilanterol para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica grave a muito grave - Em processo istrativo

 

2024 - Hormônio estimulador da tireoide humano recombinante (rhtsh) para o tratamento de pacientes com diagnóstico de carcinoma diferenciado de tireoide com indicação de iodo radioativo e contraindicação à indução de hipotireoidismo endógeno ou incapacidade de produção do tsh endógeno - Em processo istrativo
 

2024 - Dupilumabe para o tratamento de crianças com dermatite atópica grave e o upadacitinibe para o tratamento de adolescentes com dermatite atópica grave, conforme protocolo clínico do ministério da saúde - Em processo istrativo
 

2024 - Ganciclovir intravenoso e valganciclovir oral para o tratamento de infecções causadas por cmv em indivíduos imunossuprimidos pelo HIV - Em processo istrativo
 

2024 - Abiraterona associada à terapia de privação androgênica (tpa) em pacientes com câncer de próstata resistente à castração, metastático e virgens de quimioterapia - Em processo istrativo
 

2024 - Abiraterona em monoterapia ou associada ao docetaxel para o tratamento de pacientes com câncer de próstata sensível à castração e metastático (scm), conforme protocolo do ministério da saúde. enzalutamida, darolutamida e apalutamida para tratamento de pacientes com scm Em processo - istrativo
 

2024 - Lenalidomida em combinação com rituximabe para pacientes com linfoma folicular previamente tratados - Em processo istrativo
 

2024 - Sulfato de gentamicina combinado à doxiciclina para o tratamento da brucelose humana - Em processo istrativo
 

2024 - Pamoato de pasireotida para o tratamento de pacientes com acromegalia - Em processo istrativo
 

2024 - Rivastigmina para o tratamento em indivíduos com doença de parkinson e demência - Em processo istrativo
 

2024 - Tafamidis 61mg no tratamento de pacientes com cardiopatia amiloide associada à transtirretina (selvagem ou hereditária), classe nyha II e III acima de 60 anos de idade - Em processo istrativo
 

2024 - Durvalumabe para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas estágio III irressecável, cuja doença não progrediu após a terapia de quimiorradiação à base de platina - Em processo istrativo
 

2024 - Ecobroncoscopia (ultrassonografia endobrônquica) e ecoendoscopia (ultrassonografia endoscópica) para o estadiamento tumoral de mediastino em pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão - Em processo istrativo
 

2024 - Exame de calprotectina fecal no monitoramento de pacientes com doença de crohn envolvendo o cólon - Em processo istrativo
 

2024 - Exame para a dosagem de porfobilinogênio urinário para confirmação diagnóstica ou prognóstico de porfirias hepáticas agudas. - Em processo istrativo
 

2024 - Monitorização intraoperatória neurofisiológica para pacientes com tumor cerebelopontino submetidos à cirurgia de exérese tumoral com alto risco de sequelas neurológicas - Em processo istrativo
 

2024 - Teste de detecção de hla-b27 para indivíduos com suspeita de espondiloartrite axial - Em processo istrativo
 

2024 - Fostensavir trometamol 600 mg para o tratamento de indivíduos adultos vivendo com HIV multirresistentes aos antirretrovirais - Processo de aquisição finalizado

2024 - Mepolizumabe para o tratamento de pacientes com idade entre 6 e 17 anos com asma eosinofílica grave refratária - PCDT em fase de atualização
 

2024 - Alfaepoetina para o tratamento de pacientes com doença falciforme apresentando declínio da função renal e piora dos níveis de hemoglobina - Em processo istrativo
 

2024 - Testes moleculares para detecção de hpv oncogênico, por técnica de amplificação de ácido nucléico baseada em pcr, com genotipagem parcial ou estendida, validados analítica e clinicamente segundo critérios internacionais para o rastreamento do câncer de colo de útero em população de risco padrão - Em processo istrativo
 

2024 - Acetato de lanreotida para o tratamento de pacientes com sintomas associados a tumores endócrinos gastroenteropancreáticos funcionais - Em processo istrativo
 

2024 - Ablação térmica para o tratamento da metástase hepática irressecável ou ressecável com alto risco cirúrgico do câncer de cólon e reto - Em processo istrativo
 

2024 - Rt-pcr para identificação de mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico (egfr) em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas - Em processo istrativo
 

2024 - Hidroxiureia 100 mg para o tratamento de pacientes com doença falciforme com pelo menos 9 meses de idade - Em processo istrativo
 

2024 - Hidroxiureia para o tratamento de pacientes com doença falciforme (ss, sbeta0, sbeta+ grave e sd punjab), entre 9 e 24 meses de idade, sem sintomas e complicações - Em processo istrativo
 

2024 - Ravulizumabe para o tratamento da hemoglobinúria paroxística noturna - PCDT em fase de atualização
 

2024 - Ustequinumabe para o tratamento de pacientes com doença de crohn ativa moderada a grave PCDT - em fase de atualização
 

* Dados parciais do CNJ de 2024

Para Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde), a falta de orçamento impacta na disponibilidade de determinados medicamentos, mas há também uma questão de vontade política do Ministério da Saúde.

"Existem medicamentos incorporados há bastante tempo que ainda aguardam uma decisão de pactuação na CIT. Por outro lado, há casos de medicamentos que, em apenas 90 dias após a portaria, já estão disponíveis. Isso reflete um pouco a vontade política em relação a certas drogas e serviços, enquanto outros não despertam tanto interesse", analisa.

Segundo Junqueira, atualmente, a maioria dos medicamentos é incorporada ao sistema devido à pressão exercida pelo mercado, por associações, pacientes e pelo próprio Conasems. No entanto, ele ressalta que o conselho, apesar de participar das discussões na Tripartite ao lado do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), não tem controle sobre a definição da pauta mensal.

A oncologia é uma das áreas em que mais se observa medicamentos incorporados que ainda não são disponibilizados. Segundo Gustavo Fernandes, coordenador do Comitê de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, há uma restrição significativa no o a tratamentos contra o câncer na rede pública.

A lista também inclui tecnologias voltadas ao público pediátrico, como fórmulas nutricionais para crianças com alergia à proteína do leite de vaca e o Zolgensma.

Com a demora, pacientes fazem uma corrida desenfreada contra o tempo para obter os tratamentos, levando-os à via judicial ou à promoção de vaquinhas na internet. Nem sempre dá certo, e a morte, não raro, chega antes.

A vendedora Isabel Santos da Silva perdeu a filha, Manuella, aos 10 meses, em 19 de março deste ano, no Acre. A mãe relata que, desde cedo, percebeu atrasos no desenvolvimento da filha, como dificuldade para firmar a cabeça e uma deformidade no peito.

Mesmo após consultas com vários médicos, ouvia que era "normal" e o caso não foi investigado. A situação só começou a ser analisada com mais atenção aos cinco meses, quando Manuella precisou ser internada por bronquiolite e insuficiência respiratória. O diagnóstico de AME veio aos seis meses.

Isabel recorreu à Justiça e conseguiu a liberação da medicação, mas o processo demorou, e Manuella faleceu antes que a droga estivesse disponível. "Eu gritava por ajuda, mas só deram atenção quando o caso era grave. Poderiam ter olhado com mais carinho para a Manu", desabafa a mãe.

COMO É A INCORPORAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA ATÉ CHEGAR À POPULAÇÃO
 

A Conitec começa a avaliação após demanda da farmacêutica ou de interessados, mas é preciso que já tenha ado pelo crivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A análise considera evidências científicas, eficácia, segurança e custo-benefício.
 

Após aprovação, a decisão vai para o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, representada pelo secretário Carlos Gadelha, que assina a portaria de incorporação ou não ao SUS.
 

Com a publicação da portaria, as áreas técnicas têm até 180 dias para ofertar o medicamento no SUS, incluindo aprovação na CIT (Comissão Intergestores Tripartite).
 


 

COMO A PESQUISA FOI FEITA PELA FOLHA DE S.PAULO PARA LEVANTAR A ANÁLISE
 

A reportagem levantou os medicamentos e procedimentos aprovados pela Conitec para incorporação ao SUS entre 2018 e dezembro de 2024.
 

A Folha de S.Paulo fez o levantamento no Diário Oficial da União de quais foram incorporados.
 

Em seguida, foram examinadas atas e vídeos das reuniões mensais da CIT desde 2018, etapa essencial para que uma tecnologia seja disponibilizada à população. Com isso, foi possível fazer um cruzamento dos dados dos medicamentos já incorporados e quais foram pactuados.
 

Para os já pactuados, que poderiam já estar disponíveis, a reportagem confirmou as informações colhidas com algumas associações médicas e enviou uma lista para governos de três estados de regiões diferentes —Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Sul, para ver se o medicamento já estava disponível na ponta.
 

O período a partir de 2018 foi escolhido por contar com relatórios e gravações disponíveis, garantindo maior precisão na apuração.
 


 

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde

CONTINUE LENDO

Comissão global propõe mudanças no diagnóstico de obesidade, restringindo uso do IMC 5u6pw

  • Por Patrícia Pasquini | Folhapress
  • 15 Jan 2025
  • 16:16h

Foto: Breno Esaki / Agência Saúde

Pesquisadores de diversos países, inclusive do Brasil, defendem uma reformulação no diagnóstico da obesidade. Segundo eles, o IMC (índice de massa corporal) não é confiável se for o único parâmetro para definir a doença. A métrica não é uma medida direta de gordura, não reflete sua distribuição ao redor do corpo e nem fornece informações sobre saúde e doença no nível individual, dizem.

A recomendação dos especialistas é que o método seja usado apenas como uma medida substituta de risco à saúde em nível populacional, para estudos epidemiológicos ou fins de triagem. Atualmente, são considerados com sobrepeso aqueles que têm IMC igual ou maior do que 25. Trata-se de obesidade qual o índice é igual ou acima de 30.

Na nova abordagem, além do IMC, deve-se considerar a análise do acúmulo de gordura corporal e componentes clínicos.

O assunto deu origem a um artigo da Comissão sobre Obesidade Clínica, publicado nesta terça (14), na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.

A Comissão envolveu 58 representantes globais de especialidades como endocrinologia, medicina interna, cirurgia, biologia, nutrição e saúde pública, além de pessoas com obesidade. A discussão é endossada por 75 organizações médicas ao redor do mundo.

Para a análise de medição de gordura corporal e sua distribuição pelo corpo, a comissão recomenda um dos métodos abaixo:

Pelo menos uma medição do tamanho corporal (circunferência da cintura, relação cintura-quadril ou cintura-altura) em complemento ao IMC; Ao menos duas medições do tamanho corporal, independentemente do IMC; Medição direta da gordura corporal (por meio de densitometria óssea ou Dexa), independentemente do IMC; Em pessoas com IMC muito alto --por exemplo, maior que 40--, pode-se presumir a presença de adiposidade. Além disso, o grupo também propõe um novo modelo de diagnóstico de doenças relacionadas à obesidade, em que são utilizadas duas categorias: pré-clínica e clínica.

"Agora, obesidade é definida como o tamanho da pessoa. E o que nós fizemos foi defini-la como doença crônica e progressiva, com sinais e sintomas pertinentes", diz Ricardo Cohen, coautor da publicação, chefe do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente mundial da IFSO (Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos).

" E obesidade pré-clínica é aquela que não tem os sinais e sintomas. Apesar do IMC mais alto, do excesso de adiposidade, o paciente simplesmente tem um fator de risco [relacionado] à sua doença. E isso faz com que as estratégias para ele mudem. Quem tem obesidade clínica tem que ser tratado imediatamente. Quem tem a pré-clínica precisa ar por estratégias de prevenção, dependendo do seu risco", afirma Cohen.

Os autores estabelecem 18 critérios de diagnóstico para obesidade clínica em adultos e 13 para crianças e adolescentes (vide abaixo).

Segundo Cohen, a nova metodologia é aplicável em qualquer lugar do mundo, mas os fatores de risco podem ser diferentes a depender da região. "Cada risco dos pacientes, na obesidade pré-clínica, por exemplo, difere de quem mora no Brasil e na Índia. A medicina hoje é de precisão, individualizada", declara o pesquisador.

"A comissão global oferece um diagnóstico mais refinado e preciso do que significa viver com obesidade. Essa distinção é crucial, pois reconhece que nem todas as pessoas com excesso de gordura corporal possuem uma doença instalada no momento do diagnóstico. No entanto, muitas estão em risco e necessitam de acompanhamento adequado."

O que dizem os especialistas

Para Paulo Augusto Carvalho Miranda, coordenador da Comissão Internacional da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a junção de medidas antropométricas com uma análise clínica individualizada humaniza mais o diagnóstico e facilita a implantação de melhores protocolos de tratamento e de alocação de recursos.

"Esse é um documento internacional. Acho que o papel dos especialistas e das entidades governamentais do país seria se debruçar sobre esse tema e discutir mais profundamente para que possamos fazer um documento nacional que se adapte às nossas condições de recurso", afirma o endocrinologista.

Na opinião de Cynthia Valério, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a nova abordagem é um avanço.

"Contar apenas com o IMC para definir pessoas com obesidade é insuficiente e com limitações. Você deixa de tratar muitas pessoas e acaba tratando aquelas que não têm tanta indicação assim", diz a médica.

Sobre os critérios para a definição de obesidade, a especialista propõe que sejam revistos e aprimorados.

"Algumas das definições são mais subjetivas ou, em alguns casos, insuficientes e que vão depender da avaliação clínica. E isso tem a ver também com a visão do médico em relação ao paciente. Enfim, não são critérios tão objetivos", declara Valério.

 

IMC

A fórmula para medir o IMC nasceu graças ao matemático, astrônomo e estatístico belga Lambert Adolphe Quetelet, em 1832. Seu interesse não era em obesidade. Quetelet queria entender como as tendências probabilísticas se refletiam nas populações humanas e começou a estudar a relação entre altura e peso. A métrica foi adotada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nos anos 1970.

Para calculá-lo, basta dividir o peso pela altura ao quadrado. Segundo a Abeso, o resultado pode ser classificado da seguinte forma:

Abaixo do normal: menor ou igual a 18,5 kg/m²

Normal: entre 18,6 e 24,9 kg/m²

Sobrepeso: de 25 a 29,9 kg/m²

Obesidade grau 1: 30 a 34,9 kg/m²

Obesidade grau 2: 35 a 39,9 kg/m²

Obesidade grau 3: maior ou igual a 40 kg/m²

Critérios de diagnóstico para obesidade clínica segundo nova publicação

ADULTOS

Sinais de aumento da pressão intracraniana, como perda de visão e/ou dores de cabeça recorrentes;

Apneia/hipopneia durante o sono;

Falta de ar e/ou chiado;

Insuficiência cardíaca;

Fibrilação atrial crônica;

Hipertensão arterial pulmonar;

Fadiga crônica;

Trombose venosa profunda recorrente e/ou doença tromboembólica pulmonar;

Aumento da pressão arterial;

Altos níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL;

Esteatose hepática não alcoólica;

Microalbuminúria com redução da TFG (taxa de filtração glomerular);

Incontinência urinária recorrente/crônica;

Ausência de ovulação, alteração do ciclo menstrual e síndrome dos ovários policísticos;

Hipogonadismo masculino;

Dor crônica e intensa no joelho ou quadril associada à rigidez articular e redução da amplitude de movimento articular;

Linfedema nos membros inferiores causando dor crônica e/ou redução da amplitude de movimento;

Limitações das atividades do dia a dia.
 

CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 

Perda de visão e/ou dores de cabeça recorrentes;
 

Apneias/hipopneias durante o sono devido ao aumento da resistência das vias aéreas superiores;
 

Falta de ar e/ou chiado;
 

Aumento da pressão arterial;
 

Conjunto de hiperglicemia/intolerância à glicose com perfil lipídico anormal (níveis elevados de triglicerídeos ou colesterol LDL alto ou colesterol HDL baixo);
 

Aumento das enzimas hepáticas devido à doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica microalbuminúria tenal;
 

Incontinência urinária recorrente/crônica;
 

Síndrome dos ovários policísticos;
 

Dor recorrente/crônica ou tropeçar/cair devido a pé plano ou mau alinhamento das pernas;
 

Dor recorrente/crônica ou limitação de mobilidade devido adistúrbio assimétrico da tíbia que causa deformidade;
 

Dor aguda e/ou recorrente/crônica, ou limitação de mobilidade, ou tropeçar/cair devido a epífise capital femoral escorregada;
 

Limitações das atividades do dia a dia.

CONTINUE LENDO

Estudo mostra por que metástase de câncer ocorre com frequência no pulmão 364h5k

  • Por Acácio Moraes | Folhapress
  • 13 Jan 2025
  • 14:20h

Foto: Divulgação/Bahia Notícias

Em uma nova pesquisa, cientistas da Bélgica descobriram que a disponibilidade do aminoácido aspartato no pulmão pode ser uma das razões para mais da metade dos pacientes com câncer e metástase terem esses órgãos afetados pelas células cancerígenas.

A novidade é mais uma peça que nos ajuda a compreender a biologia do câncer. Além disso, também oferece mais um possível alvo que pode dar origem a novos tratamentos para doenças metastáticas.

A metástase não é uma doença, mas sim uma evolução que alguns tipos de câncer podem sofrer. Embora surjam em um órgão específico do corpo humano, na forma de tumor primário, as células cancerígenas podem se espalhar pelas correntes sanguíneas ou linfáticas e se depositarem em outras regiões.

Giseli Klassen, professora e pesquisadora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), explica que as células metastáticas possuem uma proteína que atua como se fosse uma chave, e busca um ligante em outros tecidos do corpo.

Cada tipo de tumor gera metástases com preferências por determinados órgãos. Muitos deles pelo pulmão, como no caso dos cânceres de mama, rim, esôfago ou mesmo de outro pulmão. O osso e o cérebro também estão entre os alvos mais comuns.

Klassen afirma que, embora o diagnóstico da metástase tenha evoluído muito nos últimos anos, ainda hoje o problema não tem tratamento. Ela acredita, entretanto, que ainda dentro dos próximos dez anos os cientistas encontrarão uma terapia, dado o tamanho dos investimentos em pesquisa para esse fim no mundo inteiro.

O resultado da nova pesquisa pode ser mais um o nessa direção. Interessados em decifrar o papel dos pulmões na evolução da metástase, os pesquisadores belgas selecionaram células metastáticas pulmonares agressivas e analisaram a forma na qual seus genes se expressam. O nosso código genético é como um manual de instruções que o organismo usa para produzir proteínas, e foi esse o processo no qual os especialistas se concentraram.

Acontece que, entre camundongos e pacientes com metástase nos pulmões, a interpretação deste manual não é feita conforme o esperado. Há uma mudança na expressão genética que favorece o espraiamento das células cancerígenas. E na origem dessa alteração está o aspartato.

O aspartato é uma das peças usadas na formação das proteínas (chamadas aminoácidos), normalmente encontrado em baixas concentrações no sangue. Entretanto, em pacientes de metástase, está presente em grandes quantidades nos pulmões. Os especialistas belgas foram capazes de identificar com precisão o mecanismo pelo qual essa pequena molécula é capaz de deturpar o funcionamento normal do organismo.

Com a descoberta, médicos e cientistas têm um novo alvo para o qual mirar na busca de um tratamento para a metástase. Segundo os autores do estudo, existem drogas disponíveis capazes de atingir esse mecanismo e que talvez possam ser adaptadas. O trabalho foi publicado na revista científica Nature.

Simone Fortaleza, pneumologista da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ressalta que a única forma de prevenir a metástase é por meio do diagnóstico precoce e tratamento dos tumores nas fases iniciais da doença, evitando que haja espalhamento das células cancerígenas pelo organismo.

Uma vez em metástase, a expectativa de vida dos pacientes reduz drasticamente. Apenas quadros muito simples, que afetam apenas um órgão são eletivos para cirurgia, que são capazes de garantir uma sobrevida maior do que a quimio, radio ou imunoterapia.

Com o surgimento de tecnologias de inteligência artificial e aprendizagem de máquina, pesquisadores deram um novo gás aos estudos de predição do risco de metástase, que pode garantir o o a um tratamento preventivo aos pacientes de câncer.

Um estudo do ano ado, desenvolvido por pesquisadores chineses, mostrou que métodos de aprendizagem de máquina são capazes de prever metástase distante em pacientes com alta precisão.

Para chegar nos resultados, os especialistas rastrearam genes alvos de metástase de câncer de mama e fizeram estudos estatísticos de correlação. Eles acreditam que, após uma validação do método utilizando ensaios clínicos reais, o modelo possa ser usado por médicos e especialistas no acompanhamento dos seus pacientes. Em um estágio posterior, seria até mesmo possível refinar o modelo para órgãos específicos, o que forneceria base para tratamentos personalizados.

No mesmo ano, pesquisadores dos Estados Unidos investigaram o uso de inteligência artificial na predição do espraiamento dos tumores para o cérebro em pacientes com câncer de pulmão. Foram utilizados na pesquisa dados de 158 pacientes acompanhados por 5 anos, dos quais 65 desenvolveram metástase.

O algoritmo de modelos de aprendizado profundo (deep learning) foi capaz de prever a evolução da doença com precisão de 87%. Em comparação, quatro patologistas tiveram uma média de acerto de 57,3% na previsão. Os autores do trabalho concluem que os modelos computacionais são úteis na previsão de metástases cerebrais em pacientes em estágio inicial.

Hobbies podem aliviar o estresse e melhorar a qualidade de vida em 2025 182j4q

  • Por Vitória Macedo | Folhapress
  • 01 Jan 2025
  • 14:27h

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O trabalho muitas vezes acaba sugando as nossas energias. E mesmo cercados por facilidades como a possibilidade de trabalhar ou pedir um delivery do celular, coisas que supostamente nos trariam mais tempo livre, não temos tempo pra nada. Algumas pessoas, no entanto, começaram a reorganizar o dia a dia e mudar essa perspectiva. Para isso usam os hobbies, que ajudam a desestressar e aproveitar melhor a rotina, dizem.

Um hobby é uma atividade sem pressão por performance ou planejamento, algo que promove regeneração. "É algo que a pessoa faz porque gosta, não por obrigação, nem por ser produtivo. É pelo prazer e satisfação pessoal", explica Rodrigo Huguet, psiquiatra da Rede Mater Dei de Saúde.

"Uma vida focada apenas em trabalho leva ao estresse e ansiedade."

Marco Aurélio Maywald, 27, encontrou esse propósito na fotografia. O fascínio surgiu ao visitar uma exposição de fotos em preto e branco no Sesc anos atrás. Embora interessado, ele não tinha condições de comprar uma câmera digital e ficou anos apenas desejando.

Há cerca de cinco meses, encontrou uma câmera analógica ível em uma feira de antiguidades e começou a fotografar. O processo inclui buscar filme, tirar fotos, esperar o filme acabar, revelar e aguardar dias pelo resultado, sem a certeza de como as fotos ficaram -o que exige atenção e paciência.

Fotografar contrasta com sua rotina como advogado, em que lida com investigações de corrupção e programas de integridade, marcados pela urgência e pelo uso intensivo de telas. "No meu trabalho, tudo é urgente, tudo é pra ontem. Fotografar me permite pausar a realidade naquele instante."

A fotografia despertou em Marco Aurélio o interesse por outras formas de expressão, como pintura e teatro. "Descobri um lado artístico em mim que eu não conhecia."

Engana-se quem pensa que um hobby precisa ser útil. O importante é reservar um tempo para si, sem a obrigação constante de produzir algo. Dá até pra ser medíocre.

A psicóloga Débora Genezini, coordenadora dos ambulatórios da Oncologia D’Or em São Paulo, diz que as atividades feitas por prazer contrastam com valores atuais, em que uma rotina cheia de afazeres virou sinônimo de competência e sucesso. "Todo excesso, seja para mais ou para menos, é insalubre."

Essa percepção pode causar ansiedade, insônia e desequilíbrio. Áurea Amaral, 50, sentiu isso na rotina atribulada do mercado corporativo, onde lidava com pressão por vendas e metas. "É mentalmente exaustivo."

Dois anos atrás, ela teve uma experiência positiva ao fazer uma leitura de tarot e resolveu comprar um baralho para aprender. Hoje, lê as cartas para si mesmo e pessoas próximas. "Para mulher é sempre mais pesado, porque não é só o trabalho, é toda a carga que a gente carrega. A gente precisa usar uma válvula de escape", diz.

Estudos mostram que ter algum hobby é uma forma de equilibrar a saúde mental diante de uma intensa vida profissional. Um artigo publicado no Internacional Journal of Environmental Research and Public Health mostrou que pessoas que trabalham longas horas semanais e têm hobbies tem mais benefícios na saúde mental em relação aquelas que não têm.

Pesquisa publicada na Nature Medicine, que compilou os resultados de cinco estudos que acompanharam cerca de 93 mil pessoas com 65 anos ou mais, mostrou que pessoas daquela faixa etária com hobbies tinham menos sintomas de depressão e maior satisfação com a vida.

José Carlos Guerra, 37, vê na dança uma fonte de energia. Já tinha gosto pela prática e, em agosto, começou aulas de jazzfunk. Ele considera a prática uma maneira de sair da zona de conforto e aprender algo novo. "Eu me reenergizo."

Trabalhando com dados em uma empresa de sistemas de ensino, percebeu que se concentrar apenas no trabalho torna sua qualidade de vida vulnerável. "Quando o trabalho vai bem, você é o super-homem. Quando o trabalho não vai muito bem, você acaba sendo muito derrubado", diz.

Andreza Faria, 29, encontra leveza ao colorir livros após plantões hospitalares. Embora sempre tenha gostado de ter hobbies, eles eram voltados para telas, como videogames. "Mas o hobby fora da tela era uma coisa que tava me faltando", conta.

Em 2023, começou a colorir com lápis e, em agosto desse ano, influenciada pelo TikTok, ou a usar marcadores. "Em geral, eu chego muito cansada. Praticamente todo dia trabalho 12 horas. Então é o momento de relaxar a cabeça, esquecer tudo o que você a no dia." Ela ou a gravar vídeos colorindo e começou a monetizar com as visualizações que recebe.

Esse tipo de atividade também reconecta as pessoas com a criança interior, diz a psicóloga Genezini. "A vida acelerada e tecnológica nos afasta da nossa essência primária da criança. Reconectar-se com ela é saudável, libertador e necessário."

COMO ENCONTRAR UM HOBBY

1. Não precisa ter habilidade prévia - Busque algo que tire um sorriso do rosto e traga bem-estar. Pode ser um exercício físico, cozinhar, dançar, teatro, circo, pintura ou leitura.

2. Experimente algo fora da sua zona de conforto - Por exemplo, alguém que teve uma experiência ruim ao cozinhar pode tentar novamente, com leveza, seguindo receitas simples ou fazendo um curso. “É gostoso aprender algo novo sem o estresse e julgamento por errar”, diz Huguet.

3. Considere aspectos financeiros e de tempo - Encontre algo que caiba no bolso em termos financeiros e que se encaixe na rotina diária. Se gosta de colorir, não precisa começar com as canetas mais caras do mercado.

CNM aponta falta de vacinas de catapora e Covid; governo nega carência 3u653e

  • Bahia Notícias
  • 28 Dez 2024
  • 11:16h

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgada nesta sexta-feira (27), aponta a carência de vacinas do calendário nacional de imunização, como catapora, covid-19 e coqueluche. Em nota, o Ministério da Saúde rebateu os resultados e afirmou ter garantido atendimento a 100% das necessidades de todas as vacinas do calendário básico, exceto nos casos de desabastecimento global, que ocorreram por “problemas pontuais”. O comunicado não afirma se o desabastecimento decorre de problemas de gestão dos governos locais. As informações são da Agência Brasil.

De acordo com a confederação, a pesquisa foi feita, via call center da própria instituição, no período entre 29 de novembro e 12 de dezembro de 2024. Segundo a confederação, 65,8% de um total de 2.895 municípios analisados relataram ausência de imunizantes. A CNM diz ainda que os resultados do levantamento refletem o "cenário do momento da pesquisa".

No caso da catapora, 1.516 municípios analisados (52,4%) apontaram falta da vacina. O Ministério da Saúde informou que existe escassez mundial de matéria-prima, mas assegurou ter garantido todas as doses necessárias do imunizante após a contratação de três fornecedores. Para 2025, a pasta assegurou que eventuais problemas serão resolvidos ao longo do primeiro semestre.

Em segundo lugar, está a vacina para covid-19 em adultos, ausente em 736 municípios (25,4%), com média de 45 dias sem disponibilidade. A CNM lembra que a primeira semana de dezembro registrou alta de 60% nas notificações da doença no país, no maior nível desde março. De 1º a 7 de dezembro, houve 20.287 casos, segundo o Covid-19 do Ministério da Saúde.

No comunicado, o Ministério da Saúde informou que a pasta distribuiu 3,7 milhões de doses de vacina contra a covid-19 aos estados, das quais 503 mil foram efetivamente aplicadas, o que indica suficiência de doses em nível estadual. Para 2025, a pasta informou ter reforçado os estoques dos imunizantes.

Anvisa estuda incluir Ozempic na mesma categoria dos antibióticos, com retenção de receita 5f35

  • Por Cláudia Collucci | Folhapress
  • 19 Dez 2024
  • 09:12h

Foto: Divulgação/Bahia Notícias

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estuda incluir os medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic e Wegovy, usados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, na mesma categoria dos antibióticos, ou seja, com retenção de receita nas farmácias.

Hoje, esses remédios são classificados como tarja vermelha —o que exige prescrição médica—, mas são comprados facilmente sem receita, levando a um uso indiscriminado e com potenciais riscos à saúde.

Ao todo há 11 medicamentos dessa classe terapêutica registrados pela agência regulatória brasileira, sendo três para obesidade e oito diabetes.

A proposta da Anvisa, que deve ser avaliada pela diretoria colegiada no início de 2025, é que esses medicamentos continuem como tarja vermelha, mas com cópia da receita retida na farmácia, com validade de 90 dias.

Nesta quarta (18), a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e as sociedades médicas de diabetes e de endocrinologia divulgaram uma carta aberta em que apoiam a proposta da Anvisa de retenção da receita como medida para o uso racional e seguro da medicação.

As entidades manifestam preocupação devido ao aumento da procura pelos agonistas de GLP-1, sem receita médica e para fins estéticos, e dizem que, embora seguros, esses medicamentos precisam de acompanhamento médico.

"A compra irregular para automedicação coloca em risco a saúde das pessoas e dificulta o o de quem realmente precisa de tratamento, dizem.

O assunto foi discutido em audiência pública na Câmara dos Deputados no último dia 11. Em geral, há uma unanimidade de que esses medicamentos são seguros para as indicações previstas em bula, mas há uma preocupação crescente com o uso indiscriminado, para fins estéticos.

Dados da plataforma Pharmaceutical Market Brazil (LQVIA) mostram que, apenas neste ano, foram vendidas mais de 3 milhões de unidades do Ozempic no Brasil. Nos últimos seis anos, o crescimento na compra foi de 663%, segundo a instituição. A venda dos medicamentos Ozempic, Saxenda, Victoza, Xultophy, Rybelsus, em conjunto, somou mais de R$ 4 bilhões apenas em 2024.

Ao mesmo tempo, de acordo com o VigMed, sistema da Anvisa em que são reportadas suspeitas de eventos adversos relacionados a medicamentos e vacinas, de janeiro de 2012 a setembro de 2024, foram registradas 1.165 notificações relacionadas às substâncias liraglutida, dulaglutida, semaglutida e tirzepatida.

Segundo Flávia Neves Alves, gerente de farmacovigilância da Anvisa, comparando os dados brasileiros com os globais, 32% dessas notificações estão relacionadas ao uso não previsto em bula ou não aprovado —contra uma taxa 10% registrada globalmente.

"É uma característica do nosso mercado em que todo mundo consegue ir à farmácia e comprar esse medicamento sem a receita", disse Alves, na audiência pública.

Outro dado que chama a atenção é o percentual de relatos de casos de pancreatite (inflamação do pâncreas) relacionados ao uso dos medicamentos: 5,9% no Brasil contra 2,4%, no mundo. "Acende o alerta de que algo precisa ser feito."

Segundo Alves, a retenção da receita tem por finalidade fortalecer o controle e desencorajar o uso irracional dos medicamentos e os eventos adversos relacionados a eles.

Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), ponderou que a questão central é a falta de fiscalização dos medicamentos de tarja vermelha por entidades como o Conselho Federal de Farmácia e a própria Anvisa. "O país virou um comércio aberto de medicamentos."

Para ele, a exigência de retenção de receita não resolve o problema e pode levar a um aumento da falsificação desses produtos. "Se der um Google em Ozempic, vai aparecer Ozempic em gotas, que não existe."

Renato Porto, presidente da Inferfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), diz que a retenção de receita também pode aumentar o estigma em relação ao produto e restringir o o.

"Há uma série de produtos de tarja vermelha que trazem riscos até maiores do que essa molécula, como os corticoides e os anti-inflamatórios. Temos que fazer com que a prescrição seja cumprida, para que o farmacêutico exerça sua responsabilidade."

Para a pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) Thamires Campello, advogada especialista em direito médico, é preciso fazer uma diferenciação entre produtos de tarja vermelha vendidos sem prescrição.

"Nenhum apresenta popularidade e um aumento de vendas tão significante [quanto os análogos ao GLP-1] e também não se relaciona com a questão estética", afirma. Para ela, a retenção de receita pode sim ser uma solução inicial para prevenir danos futuros.

O médico Raphael Câmara Medeiros Parente, conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina) e autor de um parecer sobre o uso dessas substâncias, diz que, embora elas sejam boas para a diminuição de peso, de doenças cardiovasculares e de mortalidade, elas não são inócuas.

O conselho apoia a proposta da Anvisa de retenção de receita e diz que só aumentar a fiscalização, como propõe a indústria, não funciona.

A farmacêutica Monica Lenzi, que representou o Conselho Federal de Farmácia, diz que não é responsabilidade da entidade a fiscalização da venda sem prescrição, mas sim das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.

Droga injetável contra HIV é eleita descoberta de 2024 pela revista Science 6c216v

  • Por Ana Bottallo | Folhapress
  • 13 Dez 2024
  • 14:52h

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A revista Science elegeu o medicamento injetável lenacapavir como descoberta científica de 2024. A droga, que atua como uma profilaxia pré-exposição (PrEP) contra HIV, teve eficácia de 100% em um ensaio clínico com mulheres na África, divulgado pela farmacêutica Gilead Sciences em junho.

No estudo, 5.300 adolescentes e mulheres jovens em Uganda e na África do Sul receberam duas injeções anuais (uma a cada seis meses) de lenacapavir. O resultado do ensaio clínico foi surpreendente: não foi verificada nenhuma infecção por HIV no período estudado.

Um segundo estudo, também conduzido pela Gilead em seis países, incluindo o Brasil, em homens que fazem sexo com homens, em pessoas transgêneros e naqueles que usam drogas injetáveis, teve eficácia similar, de 99,9%. Cientistas e autoridades médicas esperam que a droga, que ainda não foi autorizada para uso, represente um o a mais em direção à eliminação de HIV/Aids no mundo.

A publicação científica destacou a descoberta em um editorial publicado nesta quinta-feira (12).

No último dia 1º, quando é comemorado o dia Mundial de Combate à Aids, a agência da ONU (Nações Unidas) para Aids (Unaids) divulgou um relatório que aponta que 2023 registrou o menor número de novos casos de HIV desde 1990, com 1,3 milhão. Em 1990, este número estava em 2,5 milhões -o pico foi registrado em 1995, com 3,3 milhões novas infecções.

A agência destacou ainda que o progresso nos serviços de prevenção e tratamento do HIV, aliado ao desenvolvimento de novas terapias, contribuiu para a redução contínua de novas infecções.

Para a Science, a nova droga pode ser "um vislumbre do que seria a melhor alternativa de proteção" ao atingir a eficácia de prevenção por seis meses a cada aplicação, especialmente em países com barreiras de o aos tratamentos e com o estigma carregado por portar o HIV.

"Acho que é um avanço extraordinário, e a gente tem nas mãos agora elementos cada vez mais potentes para controle da pandemia de HIV/Aids", disse o infectologista e diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, que comentou o editorial a pedido da reportagem. "E, pensando em populações vulneráveis, cuja adesão ao tratamento é em geral menor, fazer um protocolo de injeção duas vezes ao ano pode ser muito melhor", diz.

Mas não é só o poder de prevenção da droga que fez com que a revista a considerasse a principal descoberta científica de 2024. Ainda segundo o editorial, o sucesso da droga surgiu de uma inovação de pesquisa ao detectar um novo alvo de ação para o medicamento, o capsídeo, uma estrutura molecular que envolve o material genético do vírus dentro de uma cápsula proteica.

O HIV é conhecido por se recombinar e conseguir escapar assim do sistema imunológico dos hospedeiros, fugindo também da ação de drogas e anticorpos.

Essa é uma das razões que torna tão difícil a obtenção de uma vacina anti-HIV, justamente porque um mesmo indivíduo infectado pode carregar dezenas de variantes distintas.

Nos últimos anos, o desenvolvimento de drogas antirretrovirais, como a PrEP oral, ajudaram a prevenir a infecção do vírus inibindo a ação de enzimas virais do HIV, como a transcriptase, que transforma a fita simples de RNA viral em uma fita dupla (DNA).

Já o lenacapavir age em três pontos diferentes: bloqueando a ligação do capsídeo com o núcleo celular; inibindo a replicação de novos vírus e impedindo a formação de proteínas de formação do capsídeo.

A grande sacada veio da descoberta de que o capsídeo -que assume uma forma de cone protetor ao redor do material viral- não se degrada totalmente no interior da célula e consegue ser "espremido" para o núcleo, onde libera o RNA, e depois volta à superfície, onde as proteínas são reintegradas na forma de cone para então infectar outras células.

O lenacapavir torna o cone rígido, o que impede a sua ligação com o núcleo celular e também a formação de novas cápsulas que poderiam infectar outras células e reiniciar o ciclo.

Um problema se tornou uma força da droga, segundo o texto da Science. O lenacapavir seria de difícil absorção no corpo humano, mas na forma injetável o medicamento ganhou uma vida longa.

Agora, ainda precisam ser superadas as barreiras de o, dado o alto custo do medicamento -US$ 42.250 (cerca de R$ 252 mil) ao ano por paciente.

"Aí vem a discussão do o, que logo que os resultados foram anunciados, já houve movimentação dos grupos por direitos de pessoas com HIV, para disponibilizar o medicamento para as populações vulneráveis em países de baixa renda. Porque eu não conheço nenhuma outra medicação que tenha esse nível de eficácia aplicada duas vezes ao ano", lembra Kallás.

Em agosto, a Gilead Sciences anunciou 120 países onde será feita a transferência de tecnologia para produção de uma versão genérica do lenacapavir, mas países com um alto contingente de pacientes com HIV, como o Brasil, foram deixados de fora.